Resumo

O gás metano é o segundo principal gás de efeito estufa, com um potencial de retenção de energia de cerca de 20 vezes maior que o dióxido de carbono, sendo responsável por 15% do efeito estufa observado atualmente. O metano é liberado para a atmosfera por uma série de fontes naturais e antropogênicas. Dentre as fontes antropogênicas produtora de metano destaca-se a de aterros sanitários, responsáveis por 10 a 20% das emissões. O controle das emissões de metano em aterros pode ser realizado por meio da captação de biogás e combustão, combustão com geração de energia ou por via biológica através da oxidação aeróbia pelas bactérias metanotróficas, presentes no solo ou em associação com raízes de plantas nas coberturas dos aterros. As bactérias metanotróficas formam um grupo fisiologicamente único e distinto por sua habilidade de poder usar o metano como única fonte de carbono e energia. Estas bactérias desempenham um importante papel no ciclo global do carbono e possuem potencial como agentes biodegradadores e biorremediadores de produtos tóxicos devido à plasticidade de seu metabolismo, além de contribuírem para redução das emissões fugitivas de metano. Apesar disso, pouco se sabe sobre sua diversidade no ambiente, em especial em áreas tropicais como no Brasil. Neste trabalho, foram desenvolvidos meios de cultivo específicos para o isolamento de novos micro-organismos metanotróficos. Estes isolados foram caracterizados morfologicamente, quanto ao tamanho, forma, elevação, cor, superfície, densidade e consistência com auxílio de microscópio óptico. Além disso, foram obtidos os perfis genéticos dos genes funcionais pmoA, que codifica uma região conservada da enzima PMMO (metano mono-oxigenase) e o mcrA (metil coenzima M redutase A). Os resultados sugerem que as amostras coletadas do solo da rizosfera das gramíneas Grama Batatais, Grama Esmeralda e do Capim Vetiver usadas na cobertura vegetal do maior aterro sanitário da América Latina, o Aterro Controlado de Jardim Gramacho no Rio de Janeiro, apresentam-se como um excelente reservatório, ainda inexplorado, de novos micro-organismos metanotróficos capazes de auxiliar a oxidação biológica do metano fugitivo em aterros sanitários.